OFERTAS COM BASE NO VELHO TESTAMENTO

07/03/2012 17:02

Necessitamos, em adição, ir até à Palavra de Deus e verificarmos que a contribuição sistemática, periódica e proporcional não é a única encontrada nas Escrituras, nem como registro histórico, nem como determinação.

Além do dízimo, Deus fez registrar a propriedade das ofertas alçadas, ou seja, de contribuições esporádicas que fluíam dos corações de servos movidos pelo desejo de ir além, de sua contribuição dizimal, quer por mera gratidão, quer por uma causa específica, colocada por Deus perante eles, quer por uma necessidade extrema de auxílio, de caráter social.

Nesse sentido, vamos estudar algumas passagens. Elas não esgotam o assunto, mas são ilustrativas de nossas responsabilidades e privilégios perante Deus, no que diz respeito a essa questão.

(1) Êxodo 25-36

Este trecho nos fala da construção do tabernáculo. Foi uma construção ordenada por Deus. Aquela construção atenderia a necessidade de providenciar um local de adoração ao povo que peregrinava pelo deserto. Dizia respeito, portanto, ao acondicionamento físico do povo e dos instrumentos litúrgicos. Muitas das coisas determinadas aqui possuem o simbolismo característico do Velho Testamento e eram destinadas a demonstrar a majestade da presença de Deus, a sua santidade e a apontar para o redentor prometido.

Deus, com todo o seu poder, poderia ter produzido do nada uma casa de adoração. Quis ele que tudo fosse feito com os recursos do povo, entrelaçando a construção com o dia-a-dia de Israel. Para a construção e para os ornamentos havia a necessidade de muitos objetos de valor, utensílios, ouro, prata, cobre. Nenhum estudioso sério da palavra de Deus questionaria que o dízimo estava em vigor, nesta ocasião (no máximo temos os que questionam a sua validade no novo testamento, mas quanto à isso, já nos posicionamos). Porque Deus não utilizou os dízimos de seu povo para esta necessidade? A razão é bem direta: porque os dízimos, sendo a contribuição sistemática, já tinham a sua aplicação normal: serviam ao sustento dos levitas, dos líderes religiosos, e serviriam à manutenção dos atos de adoração, mas não poderiam fazer face à necessidade específica, esporádica e extra-normal que agora era colocada por Deus perante seu povo. Deus os chama, conseqüentemente, a contribuir com ofertas alçadas, extras.

O princípio básico está colocado no versículo 2: “Fala aos filhos de Israel que me tragam uma oferta alçada; de todo homem cujo coração se mover voluntariamente, dele tomareis a minha oferta alçada”. A versão Atualizada, diz apenas “oferta”. O original (hebr.: T’Rumáh—oferta alçada, da raiz Rum–oferta), entretanto, traz “oferta alçada”. Isso não quer dizer nada com relação ao valor – se seria pouco ou muito. Representa algo (um bem, metal precioso, ou dinheiro) extraído do meio do povo que é levantado (alçado) e apresentado ao Senhor como uma dádiva especial, de forma voluntária. Os rituais levíticos posteriores tinham as ofertas alçadas, que eram levantadas perante o altar apenas uma vez, pelo sacerdote, e a oferta “abanada”, que era levantada ou movida várias vezes perante o altar, representando a consagração da dádiva. Tal oferta não era, nem poderia ser, compulsória. Ela era voluntária. O texto diz com muita clareza: todo o homem cujo coração se mover voluntariamente. Esses eram os contribuintes. Eles deveriam trazer ofertas especiais, de gratidão e reconhecimento, coisas de valor a serem utilizadas nas necessidades físicas da adoração espiritual que é devida somente a Deus.

Os próximos seis capítulos de Êxodo (até o 31) registram em detalhes o que Deus queria que fosse feito em sua casa de adoração. No capítulo 35, Moisés chama o povo e começa a passar a ele as instruções recebidas de Deus. No versículo 5 ele diz: “Tomai de entre vós uma oferta para o Senhor; cada um cujo coração é voluntariamente disposto, a trará por oferta alçada ao Senhor: ouro, prata e bronze…” Mais uma vez, o caráter voluntário da oferta é ressaltado. Nos versículos 21 e 22, temos o registro da ocorrência das ofertas (recapitulando: primeiro Deus ordena a Moisés, depois Moisés ordena ao povo e agora, temos o fato real). Mais uma vez o registro da voluntariedade é ressaltado. Diz o trecho:

(21) E veio todo homem cujo coração o moveu, e todo aquele cujo espírito o estimulava, e trouxeram a oferta alçada do Senhor para a obra da tenda da revelação, e para todo o serviço dela, e para as vestes sagradas. (22) Vieram, tanto homens como mulheres, todos quantos eram bem dispostos de coração, trazendo broches, pendentes, anéis e braceletes, sendo todos estes jóias de ouro; assim veio todo aquele que queria fazer oferta de ouro ao Senhor.

O versículo 29 reforça ainda mais o princípio:

(29) Trouxe uma oferta todo homem e mulher cujo coração voluntariamente se moveu a trazer alguma coisa para toda a obra que o senhor ordenara se fizesse por intermédio de Moisés; assim trouxeram os filhos de Israel uma oferta voluntária ao Senhor.

Perante essa evidência não podemos, meus irmãos, dizer que o dízimo é a única forma de contribuição encontrada na Palavra de Deus. Ofertas voluntárias têm o seu lugar e são apropriadas em casos específicos, como o que Deus colocou à nossa frente.

Uma segunda coisa que aprendemos nesse trecho, é que a voluntariedade da oferta não significava aleatoriedade. Ou seja, por ser voluntária não significava que não podia ser planejada. Na realidade lemos, no capítulo 36, v. 3, o seguinte: “…e receberam de Moisés toda a oferta alçada, que os filhos de Israel tinham do para a obra do serviço do santuário, para fazê-la; e ainda eles lhe traziam cada manhã ofertas voluntárias”. Ou seja, enquanto durou a construção, as ofertas eram trazidas sistematicamente, repetidamente, a cada manhã. Não vamos pensar, portanto, que o planejamento e sistematização tiram a espiritualidade da oferta planejada e dada de coração. Essa sistematização muito deve ter auxiliado aqueles que necessitavam dar andamento à construção.

Que glorioso resultado foi alcançado com o entendimento correto e com a predisposição do povo de Deus, nessa dádiva de ofertas. Vejam o que registram os versículos 4 a 7, deste mesmo capítulo 36:

(4) Então todos os sábios que faziam toda a obra do santuário vieram, cada um da obra que fazia, (5) e disseram a Moisés: O povo traz muito mais do que é necessário para o serviço da obra que o Senhor ordenou se fizesse. (6) Pelo que Moisés deu ordem, a qual fizeram proclamar por todo o arraial, dizendo: Nenhum homem, nem mulher, faça mais obra alguma para a oferta alçada do santuário. Assim o povo foi proibido de trazer mais. (7) Porque o material que tinham era bastante para toda a obra, e ainda sobejava.

Que coisa gloriosa se Deus fosse servido mover o nosso povo ao ponto em que precisaríamos vir até à frente PROIBIR, para que nada mais se trouxesse!

(2) Levítico 22:18-19

 Este outro trecho da Palavra de Deus está inserido nas regras e determinações sobre o dia-a-dia das práticas do povo de Deus. Temos esta colocação nos versículos 18 e 19:

“Fala a Arão, e a seus filhos, e a todos os filhos de Israel, e dize-lhes: Todo homem da casa de Israel, ou dos estrangeiros em Israel, que oferecer a sua oferta, seja dos seus votos, seja das suas ofertas voluntárias que oferecerem ao Senhor em holocausto, para que sejais aceitos, oferecereis macho sem defeito, ou dos novilhos, ou dos cordeiros, ou das cabras.”

 Desse registro aprendemos:

 1. Mesmo sem nenhuma ocasião especial, a prática de ofertas voluntárias era permitida e disciplinada no meio do povo de Deus. Não existe, portanto incompatibilidade entre os dízimos e ofertas.

2. O que era ofertado deveria vir sem defeito, ou seja, não ofertamos daquilo que nós mesmos não queremos, mas sim do que é agradável e aceitável. Deus merece o melhor.

3. A determinação era para os israelitas e para os estrangeiros em Israel, ou seja, não podemos restringir a oferta voluntária apenas aos membros do povo de Deus. Lembremo-nos, entretanto, que são ofertas voluntárias e não demandadas, solicitadas, constrangidas. A responsabilidade primordial é do Povo de Deus.

Muitas outras passagens e ensinamentos poderiam ser examinados. Acreditamos, entretanto, que aqueles que tivemos a oportunidade de estudar, representam prova de que Deus se agrada e se tem prazer em nossas ofertas. Essas não tomam o lugar do dízimo, mas representam uma forma adicional de prestarmos a nossa adoração e amor para com Ele. Que possamos ter a visão bíblica da realidade, que não sejamos avarentos, mesquinhos e que estejamos sempre prontos a atender as necessidades que Deus colocou na nossa frente, sempre com ações de graças por termos parte em tão grande privilégio.

 

Deus abençoe!

Autor: Solano Portela

 Fonte: https://www.solanoportela.com.br

Comentários

o ferta

Data: 27/07/2016 | De: fred

muito bom

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