TEOLOGIA DA LUXÚRIA PORNOGRÁFICA

06/03/2012 19:50

“Na faculdade, logo que me tornei cristão, lembro de ter tido uma conversa com outro rapaz crente, que vivia assistindo pornografia e que me disse que não tinha problema porque ele havia lido a Bíblia toda, sem nunca encontrar a palavra ―pornografia. Mas, convenientemente,  ele havia deixado de lado um monte de versículos que falam sobre luxúria. Isso é típico dos homens, como diz Paulo, que procuram suprimir a verdade para que possam continuar pecando sexualmente (Rm 1:18–24).” (DRISCOL, 2010).

 O propósito da pornografia é a luxúria.  Todavia, o desejo por qualquer pessoa além de sua esposa é condenado repetidas vezes por Deus, como um mal tremendo,  tanto no Velho quanto no Novo Testamento (Por ex. Pv. 6:25; Jó 31:1; Mt 5:28; Cl 3:5; 1Ts 4:5; 1Pe 4:3). O ato de desejar o corpo nu de uma mulher não é pecado em si. A questão é de quem é o corpo nu que você deseja. Se for o da sua noiva, então você simplesmente está vivendo o livro de Cântico dos Cânticos para glória de Deus e seu deleite. Mas, se ela não é sua noiva, então você simplesmente estará cometendo um pecado.

Foi Deus quem vestiu a nossa mãe Eva depois que ela pecou e, são as filhas de Eva que se despem para a câmera, violando a vontade de Deus, de que os corpos femininos que ele criou sejam vistos, em toda sua glória, apenas por seus maridos. A pornografia é tão sedutora para os homens porque existe uma conexão biológica entre os olhos dos homens e seus genitais, que faz com que os homens sejam facilmente estimulados visualmente. A pornografia produz o triste efeito de transformar as pessoas em objetos com partes, deste modo divorciando a pessoa dos corpos e, consequentemente, reduzindo a dignidade deles. Um exemplo disso é o modo, frequentemente usado por Tom Leykis, apresentador do programa de rádio masculino mais popular dos EUA, de se referir às mulheres como ―privadas onde os homens depositam seus fluidos.

Definir pornografia é extremamente difícil, como ficou evidente pela inabilidade de nosso Tribunal Superior de articular com clareza uma definição exata. Para o propósito de nosso estudo, não necessariamente considero como pornografia coisas como obras de arte que contenham um nu artístico ou uma cena romântica num filme, mas reconheço que um pervertido de primeira pode ficar excitado com qualquer coisa, como ficou evidenciado com um maluco televiso conhecido meu, que gozava até assistindo cenas de animais copulando no Animal Planet.  Porém, considero como pornografia os filmes pornôs, as revistas eróticas, os websites de fotografias eróticas e sexo, os chats de sexo online, os romances eróticos, os serviços de sexo por telefone, os filmes de sexo explícito, os catálogos de lingerie e até mesmo as reportagens de biquínis nas revistas de moda, assim como todas as revistas para homens ou mulheres que tragam mais reportagens com nudez do que as revistas pornográficas de algumas gerações atrás. A inclusão de revistas em geral pode parecer uma atitude extrema à luz de nossa cultura vexatória. Mas, precisamos lembrar que, no início da década de 50, não se vendia pornografia nas lojas e que só na década de 60 a revista Playboy começou a ser oferecida discretamente nas prateleiras. Na década de 70, a Penthouse conseguiu um lugar ao lado da  Playboy  na  prateleira e no estado de decadência atual tanto a  pornografia leve quanto a pesada são oferecidas nas lojas podendo ser folheada por qualquer criança ou adulto que resolva pegá-la.  Nessa nossa cultura cada vez mais audaciosa e insensível, precisamos ter o cuidado de não definir pornografia  apenas em termos de pornografia pesada, negligenciando as formas mais leves. Para dar um exemplo, é comum nos vôos internacionais, a televisão de bordo exibir filmes com cenas de nudez total e sexo em todas as telas sem respeitar a presença de crianças e adolescentes que ficam expostas sem ter como evitá-las. Entende o que estou tentando dizer? Nossa cultura está cada vez mais sensual. Em apenas quarenta anos, fomos de uma revista obscena vendida por trás do balcão, até o ponto em que hoje em dia é normal ver garotos de 13 ou 14 anos com a foto da namorada nua, no celular.  

A Bíblia é bastante clara sobre o fato de que os homens de Deus devem abster-se de certos pecados que militam contra suas almas. Primeiro, homens de Deus não devem cometer adultério (Ex 20:14). Segundo, homens de Deus não devem cobiçar a mulher do outro, mesmo que ela tenha seios grandes e use uma camiseta baby look (Ex 20:17). Terceiro, homens de Deus não devem se envolver com prostitutas que usam seu corpo como commodity de aluguel, para  que você possa passar um tempo perfeito ou tirar uma foto perfeita. (Pv 23:26–27; 1Co 6:15–16). Em quarto lugar,  homens de Deus não devem ser polígamos, porque seu Pai Adão e seu irmão mais velho Jesus tiveram apenas uma noiva, cada (Eva e a Igreja). E, por último, os homens de Deus não devem ser fornicadores que, antes do casamento, estendem suas mãos, feitas por Deus para serem erguidas em oração (1Tm 2:8), para o interior da blusa de sua namorada, mesmo que ela peça (1Co 6:9–13). 

Entretanto, através da história, os homens tem-se inclinado mais a obedecer a letra da lei com relação a estas questões, ao mesmo tempo em que violam o espírito da mesma. O espírito das Escrituras que proíbem as práticas sexuais pecaminosas inclui os pecados da mente onde, em sua imaginação, os homens possuem um harém de fazer inveja a Salomão. 

Por isso, Jesus sabiamente ensinou, que o pecado sexual  inclui não apenas o que fazemos, mas também o que pensamos. Por exemplo, em Mateus 5: 27- 28, ele afirmou, ―Vocês ouviram o que foi dito: ‗Não adulterarás. Mas eu lhes digo: Qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. Se o seu olho direito o fizer pecar, arranque-o e lance-o fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ser todo ele lançado no inferno. E se a sua mão direita o fizer pecar, corte-a e lance-a fora. É melhor perder uma parte do seu corpo do que ir todo ele para o inferno. E, também, em Marcos 7:21–23, ―Pois do interior do coração dos homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos, os homicídios, os adultérios, as cobiças, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a calúnia, a arrogância e a insensatez. Todos esses males vêm de dentro e tornam o homem impuro. 

Portanto, os pecados sexuais não estão ―lá fora‖ na mídia, no show de strip-tease, ou na boazuda de saia agarrada. Na realidade o problema encontra-se ―dentro de você. É da pecaminosidade, que está em seu coração que a luxúria e o pecado procedem, como um esgoto que flui para a sarjeta. Esta é a verdade nua e crua.  

A proliferação moderna dos serviços de aconselhamento é a maior evidência de que existe muita coisa errada na natureza humana. Atualmente, está em curso um debate para definir o que seja um comportamento ―normal‖ e ―anormal‖, que procura diagnosticar as razões pelas quais algumas pessoas se comportam de forma ―anormal‖ e que prescreve a ―cura‖ para as consideradas anormalidades. As causas especulativas desse comportamento ―anormal‖ incluem um inconsciente repleto de impulsos primais (Sigmund Freud), um inconsciente coletivo resultante de nossa história racial (Carl Jung), de influências do meio-ambiente (emocional e físico) onde vivemos e da falta de consciência de nossa própria bondade interior (Carl Rogers). Tudo isso, entretanto, é nada mais do que a formalização da tentativa, como a de nosso pai Adão, de colocar a culpa pelo pecado, em alguém ou em outra coisa, ao invés de reconhecê-lo e nos arrependermos, buscando uma mudança de pensamento, que leve a uma mudança de comportamento. 

Entretanto, nas Escrituras, o único normal é Jesus e todos nós somos  anormais e intrinsecamente pecadores. Nossa vida individual e a correspondente vida coletiva, que chamamos de cultura, nada mais são do que o reflexo exterior da condição interior do nosso coração. O coração é a sede e o centro de nossa identidade e essência do nosso ser interior total, o qual se expressa exteriormente em palavras e ações. Este conceito é central dentro dos ensinamentos das Escrituras. A palavra ―coração‖ em suas várias formas (por ex.: corações, coração endurecido, etc.) ocorre mais de novecentas vezes na Bíblia. Na prática, isto significa que só você e Deus conhecem verdadeiramente o seu coração e que, ao invés de tentar obedecer  regras legalistas, você deve ser honesto com relação a luxúria que sente no coração e procurar restringir os gatilhos que a disparam. 

 

Referência: DRISCOL, M. Sexualidade e Reformissão: uma conversa franca sobre pornografia e masturbação. 1ª edição. Niterói, RJ. 2010

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